Em 2008, o artista Joelson realizou a primeira edição do projeto Olaria Ocre. Ele, Manoel Dantas Suassuna e Roberta Guimarães fizeram uma residência artística na oficina cerâmica do Mestre Baixinha, em Tracunhaém. Agora, neste final de 2022, o artista conclui mais uma edição de Olaria Ocre – projeto que já passou por Ouro Preto e pelo Recife.
Desta vez, Joelson, acompanhado pelo artista José Paulo, novamente pela fotógrafa Roberta Guimarães, e pelo oleiro Valdik Graciano foi até o Sítio Mulungu, em Bezerros, e fez a residência artística na Olaria de Zé Limão.
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Sobre o trabalho na Olaria
A Olaria do Zé Limão, situada nos arredores Bezerros, é um local de produção cerâmica familiar. A tradição foi passada de Zé Limão, já falecido, para seu filho Dede Limão, que atualmente toca a produção com suas irmãs e sobrinhos. A especialidade da casa é a produção artesanal de lajotas, tijolos, telhas e de outros elementos construtivos / arquitetônicos arcaicos. A olaria é uma das poucas da região que segue em atividade.
“É um ambiente muito particular, muito amplo, na beira de um rio, com algarobas e uma vegetação bem específica”, diz Joelson. Segundo ele e José Paulo, o local é instigante, único, e sempre despertou a atenção, desde quando foram lá pela primeira vez, há anos, com um grupo de estudos de cerâmica. “Eles têm uma produção muito particular de tijolos, pisos rústicos, revestimentos em cerâmica, um material muito rico dentro da cultura arquitetônica do nordeste”, conta José Paulo.
Como surgiu a ideia do projeto?
A ideia original era montar um ateliê durante seis meses na olaria para a realização de experiências e produções de peças em cerâmica, em tamanhos e queimas diversificadas, numa troca com os oleiros. No início de 2020, foi criado um espaço específico dentro da olaria para a realização da residência e, quando o trabalho estava dando seus primeiros passos, veio a pandemia que deixou tudo parado por cerca de um ano e meio.
Durante o período de convívio, Joelson e José Paulo, artistas que têm uma vasta pesquisa e produção com cerâmica, conviveram e trocaram saberes com os oleiros da família de Zé Limão, num processo que não tinha como finalidade a criação de obras autorais. A proposta era que esse laboratório pudesse gerar novas criações dentro do leque de produtos já feitos pela olaria, ampliando seu catálogo.
O resultado do trabalho
Desse processo, surgiram novas lajotas, revestimentos, telhas, cobogós, que a partir de agora vão fazer parte da lista de produtos oferecidos pela Olaria Zé Limão. “Conseguimos ter uma troca muito interessante com os oleiros. Como eles têm esse recorte no fazer de lajotas, tijolos e elementos construtivos, trabalhamos juntos para criar novas composições e novas propostas”, detalha Joelson.
Todo esse processo “laboratorial” foi acompanhado de perto pela fotógrafa Roberta Magalhães que, construiu imagens que vão muito além do registro. “A exposição vai apresentar as peças criadas junto a imagens do cotidiano, dos oleiros trabalhando nesses materiais, do cotidiano do lugar. Mas também teremos registros criados a partir do meu olhar para aquele espaço, pensando nos reinos animal, vegetal e mineral. Vou apresentar uns trabalhos em antotipia (processo fotográfico que envolve a utilização de pigmentos vegetais como material fotossensível e que permitem a produção de imagens fotográficas)”, detalha Roberta.
Serviço:
Olaria Ocre – Zé Limão Olaria Zé Limão
Sítio Mulungu, s/n, Bezerros
Visitação: Até 17 de janeiro – Quarta à sexta-feira, das 14h às 17h.