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Arquitetura nos Trópicos, saiba mais sobre o assunto neste conteúdo especial

Uma arquitetura pensada para refletir o lugar onde está inserida, essa é a linha de construção da chamada Arquitetura nos Trópicos, que exalta as características geográficas e climáticas do local. “Significa aproveitar as condições determinadas pelo clima e a cultura para produzir projetos com identidade, diferenciados e adaptados as costumes e vivências locais, assim como racionais e sustentáveis em relação ao conforto natural”, explica a arquiteta Vera Pires.

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Condomínio residencial em Gravatá, PE, 2010. Projeto: Vera Pires, Roberto Ghione. Arquitetura adaptada à topografia. (Foto: divulgação).

Na Arquitetura nos Trópicos devem ser levadas em considerações as próprias características culturais, geográficas e climáticas. “As lembranças das minhas vivências de infância no sertão da Paraíba também estão presentes na hora de projetar, especialmente dos espaços arejados e ventilados, e do convívio nos terraços e áreas de transição entre interiores e exteriores”, completa a arquiteta.

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Casa em Três Lagoas, PE, 2014. Projeto: Vera Pires, Roberto Ghione. Transparências e ventilação através de um pátio (Foto: divulgação).

A integração com o meio exterior também é uma forma de destacar esse tipo de arquitetura, aliado á materiais mais sustentáveis. “Integração entre interiores e exteriores resolve o conforto natural, promove projetos sustentáveis (acorde com os ODS 2030) e permite enriquecer a arquitetura com espaços e plasticidades que marcam a identidade de uma produção local. Pensar conjuntamente arquitetura e paisagismo é essencial, especialmente no contexto exuberante dos trópicos”, destaca Vera Pires.

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Casa em João Pessoa, PB, 2015. Projeto: Vera Pires Roberto Ghione. Pátio e esquadria de elementos vazados (Foto: divulgação).

A participação do clima na arquitetura nos trópicos

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Casa em Campina Grande, PB, 2014. Projeto: Vera Pires, Roberto Ghione. Integração entre arquitetura e paisagismo (Foto: divulgação).

A elaboração dos projetos está baseada no conforto natural, tendo em vista às condições climáticas, como explica a arquiteta Vera Pires, “Inclusive para produzir arquitetura em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável(ODS 2030). Em nosso contexto de forte incidência solar e brisas refrescantes, a ventilação cruzada e a arquitetura sombreada são requisitos fundamentais, não apenas para atender o conforto natural, mas para promover espacialidades internas e integrações entre espaços interiores e exteriores. Considero que essas oportunidades que oferece o clima tropical são estímulos criativos que possibilitam fazer arquitetura diferenciada “.

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Casa em João Pessoa, PB, 2015. Projeto: Vera Pires, Roberto Ghione . Transparências ventiladas (Foto: divulgação).

Saiba quais materiais são mais adequados para a Arquitetura nos Trópicos

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Área de lazer fazenda Masapé, Galante, PB, 2022. Projeto: Vera Pires, Roberto Ghione. Arquitetura integrada com a paisagem (Foto: divulgação).
  • “Aqueles que favorecem a ventilação constante e o isolamento térmico através de cobertas e paredes que recebem insolação”.
  • “Importante evitar materiais que são condutores térmicos, salvo serem complementados com isolantes”.
  • “A vegetação é outro material essencial, especialmente a nativa, que no contexto tropical cresce com facilidade e exuberância, qualificando os espaços e contribuindo para o conforto térmico. A concepção integrada de arquitetura e paisagismo é outra estratégia de atuação nos projetos”.
  • “Prestigiar materiais renováveis e recicláveis, que emitam a menor quantidade de gases de efeito estufa nos processos de produção e montagem”.
  • “No Nordeste temos a tradição do cobogó, ou do tijolo engaiolado, que favorecem a ventilação cruzada com economia”.
  • *Dicas da arquiteta Vera Pires
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Igreja do Bom Samaritano, Recife, PE, 1982. Projeto: Arquitetura 4 (Vera Pires, Carmen Mayrinck, Liza Stacishin, Clara Calábria) e James Severson. Estrutura: Ariel Valmaggia. Cobogós e azulejos: Petrônio Cunha. Modernidade apropriada às características do Nordeste do Brasil. (Foto: divulgação).

A falta de exemplos desse tipo de arquitetura em Pernambuco

A realização de uma arquitetura nos trópicos ainda não é tão utilizada em Pernambuco, como comenta a arquiteta Vera Pires, “A tradição da arquitetura local, criativamente adequada ao contexto até os anos de 1980, hoje é substituída por soluções monótonas e alheias aos requerimentos climáticos e culturais. Existem inquietações nesses assuntos, porém não ficam evidentes na produção local com o protagonismo merecido. Nosso escritório VPRG -Vera Pires e Roberto Ghione Arquitetos Associados, continua produzindo projetos fiéis aos princípios de sustentabilidade e adaptação criativa às características vivenciais e climáticas por entender que constituem condições transcendentes e atemporais, que marcam a arquitetura como produção cultural”.

“Vejo a maioria da produção de arquitetura em nosso contexto contaminada por influências externas e imposições do “mercado”, que são contrárias a processos naturais determinados pelo lugar, o clima e a cultura. Uma questão que deveria ser generalizada vira assunto de exceção no contexto da produção local”, enfatizou Vera Pires sobre como enxerga o mercado de arquitetura atualmente.

A falta da priorização da Arquitetura nos Trópicos

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Casa de praia em Pitimbu, PB, 2014. Projeto: Vera Pires, Roberto Ghione. Espacialidade integrada com estrutura de madeira. (Foto: divulgação).

A falta de projetos que priorizem os ideias mais sustentáveis presentes nos requisitos da Arquitetura nos Trópicos é um ponto que merece destaque e debate em toda a sociedade, a começar pelos próprios arquitetos.

“No caso do Brasil em geral, e Pernambuco em particular, hoje a desigualdade social promove a construção de edifícios defensivos, excludentes e segregadores. Isso repercute numa cidade sem urbanidade, revelando um claro divórcio entre arquitetura e urbanismo, que compromete severamente qualquer proposta civilizatória desde nosso campo de atuação. Vejo essa situação como a maior crise na nossa profissão, que restringe qualquer oportunidade de integrar arquitetura e cidade, perpetuando a desigualdade, estimulando a violência e restringindo oportunidades criativas. Essa crise é maior que qualquer proposta específica relacionada com o conceito de promover uma arquitetura dos trópicos, que terá pouco sentido sem resolver prioritariamente a questão da urbanidade nas nossas cidades”, relata Vera Pires.

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