Nome do artista  Rover Thomas 1926 1998 Nome da obra  Solo Argilosos Estrada de Canning Stock 1985. Técnica  Pigmentos terrosos naturais sobre madeira  - O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural

O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural

A Caixa Cultural traz ao Recife – entre 13 de junho e 05 de agosto – a mostra O Tempo Dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália. A exposição é tratada pelo curador brasileiro Clay D´Paula como a mais vigorosa, significativa e diversificada coleção de obras de arte dos artistas aborígenes a visitar a América do Sul. Ele assina a curadoria com os australianos Adrian Newstead e Djon Mundine. As telas já passaram por São Paulo, Fortaleza, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. São mais de 40 obras, selecionadas por importância histórica.

Observador aprecia a obra de uma artista aborígene. Fotografia  Emmanuelle Bernard.  - O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural
Observador aprecia a obra de uma artista aborígene (Foto: Emmanuelle Bernard)

O acervo traz nomes como Rover Thomas, Tommy Watson e Emily Kame Kngwarray, que já tiveram os seus trabalhos expostos no MoMA e Metropolitan, de Nova Iorque; Bienais como a de Veneza, São Paulo e Sidney, entre outros eventos de prestígio internacional, como o Documenta, em Kassel, e Art Basel (Miami, Basel e Hong Kong). “Essa coleção é um presente à população brasileira. Em um acervo de mais de três mil obras, selecionamos aquelas mais significativas. Muitas já foram publicadas em inúmeros catálogos de arte, citadas em teses de doutorado e exibidas em várias instituições de prestígio na Austrália, Europa e América do Norte”, ressalta Clay.

Visitante estuda os símbolos e ícones da arte aborígene. Fotografia  Emmanuelle Bernard. - O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural
Visitante estuda os símbolos e ícones da arte aborígene (Foto: Emmanuelle Bernard)

O público pernambucano vai encontrar peças que apresentam linguagem moderna e contemporânea, passeando pela pintura, escultura, litografia e bark paintings (pintura em entrecasca de eucalipto). Compõem o acervo obras da Coo-ee Art Gallery, a galeria mais antiga e respeitada em arte aborígene da Oceania. Peças de coleções privadas e instituições governamentais também atravessaram o oceano exclusivamente para esta exposição. Os trabalhos artísticos representam um período de 45 anos, desde o despertar da comercialização da arte aborígene contemporânea, na década de 1970, até o presente.

Visitante observa as obras dos artistas aborígenes de Balgo Hills. Essas obras são intituladas como a arte do Isolamento. Fotografia  Emmanuelle Bernard.  - O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural
Visitante observa as obras dos artistas aborígenes de Balgo Hills. Essas obras são intituladas como ‘a arte do Isolamento’. (Foto: Emmanuelle Bernard)

Outra novidade da mostra: além de circular pela América Latina e pelo Brasil pela primeira vez, a exposição também traz o primeiro catálogo publicado em português sobre a arte aborígene. Neste ramo movimenta-se cerca de 200 milhões de dólares por ano na Austrália. Estima-se que hoje mais de 7 mil artistas indígenas vivam de sua prática artística. “Nós, brasileiros, tivemos, até hoje, poucas oportunidades de conhecer todo esse universo da arte aborígene da Austrália, o que pode, inclusive, levar-nos a refletir sobre os povos indígenas de nosso país. O Brasil e a Austrália possuem muitas coisas em comum. Contribuir para aproximá-los e convidar ao diálogo é um dos objetivos dessa exposição”, justifica o curador brasileiro.

O que você encontrará neste post:

Arte Aborígene

Os artistas aborígenes pintam os seus sonhos (mas não a ideia Junguiana de sonhar e sua associação com o inconsciente). Para eles pintarem o seu “Sonhar” (dreaming, em inglês) implica recontar histórias que são atemporais a fim de mantê-las vivas e repassá-las a futuras gerações. Não se trata de algo religioso, mas ligado à sua própria sobrevivência. Essas pinturas contêm informações vitais, como, por exemplo, onde encontrar “água viva” permanente.

Nome do artista  Tommy Watson 1935. Nome da obra  Sem Título 2014. Técnica  Tinta acrílica sobre linho belga  - O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural
Obra de Tommy Watson. Sem Título, de 2014. Tinta acrílica sobre linho belga (Foto: Divulgação)

Manter o “sonhar” vivo é a motivação fundamental para a prática da arte dos artistas indígenas da Austrália.

Bark paintings

Os visitantes vão apreciar as bark paintings, pintura sobre entrecasca de eucalipto, típica do norte tropical da Austrália, região conhecida como Arnhem Land (A Terra de Arnhem). Essa é uma das formas de expressão artística mais antiga do mundo, com mais de 40 mil anos. Inicialmente, as bark paintings tinham uma pobreza estética muito grande porque não foram criadas para durar, mas sim para cerimônias ou decoração. Hoje, elas trazem uma execução primorosa, sendo consideradas como arte, não artefato, e estão em museus renomados, além de integrarem coleções particulares.

Nome do artista  Rover Thomas 1926 1998 Nome da obra  Solo Argilosos Estrada de Canning Stock 1985. Técnica  Pigmentos terrosos naturais sobre madeira  - O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural
Obra de Rover Thomas (1926-1998) intitulada ‘Solo Argilosos, Estrada de Canning Stock. Pigmentos terrosos naturais sobre madeira (Foto: Divulgação)

Destaque

A grande estrela da exposição é Emily Kame Kngwarray (1910-1996). Mulher, negra, que começou a pintar aos 79 anos de idade. Emily é considerada pela crítica uma das maiores pintoras expressionistas do século XX. Ela foi comparada a Pollock e Monet, entre outros expoentes que figuram nos livros da história da arte. Emily estará representada na mostra com a pintura “Sem título, 1992”. A artista tornou-se a mais querida da Austrália. Representou o país na Bienal de Veneza e em vários outros eventos de arte internacional. É importante ressaltar qu ela nunca teve acesso à arte ocidental, logo, enquadrar a sua pintura dentro de um movimento artístico europeu pode ser um equívoco. Ela que, sem falar uma palavra em inglês, já expôs lado a lado com Picasso, Kandinsky e Mondrian entre outros masters internacionais da arte. “Ou eles que expuseram com ela”, complementa Clay D´Paula.

Lily Nungarayi Hargraves 1930. Nome da obra  O Sonhar das Mulheres 1991. Técnica  Tinta acrílica sobre tela - O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene na Caixa Cultural
Tela de Lily Nungarayi Hargraves, O Sonhar das Mulheres. Tinta acrílica sobre tela (Foto: Divulgação)

O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália
CAIXA Cultural Recife
Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife – PE
13 de junho a 05 de agosto de 2018

Visitação: 14 de junho a 05 de agosto de 2018
terça-feira a sábado, das 10h às 20h | domingo, das 10h às 17h
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita 

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